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Mudança de carreira em tempos de pandemia

É importante planejar muito bem cada passo. Pesquisa realizada pelo grupo britânico de educação Pearson revelou que cerca de 76% dos brasileiros cogitaram uma mudança de carreira na pandemia, com 59% demonstrando preocupação em mudar em um momento de crise

São Paulo, SP 18/5/2021 – “Fazer uma transição de carreira seguindo unicamente a intuição, pode também ser arriscado”, diz Livia Kawano

É importante planejar muito bem cada passo. Pesquisa realizada pelo grupo britânico de educação Pearson revelou que cerca de 76% dos brasileiros cogitaram uma mudança de carreira na pandemia, com 59% demonstrando preocupação em mudar em um momento de crise

A pandemia parece estar longe de seu desfecho. A vacinação chegou, mas não bastasse o quadro desolador na saúde, o Brasil fechou 2020 com a estratosférica taxa de desemprego de 13,5%, segundo dados do IBGE, terminando o ano com 13,4 milhões de trabalhadores sem emprego.

Além dos desempregados, a pandemia também impactou profissionais que se mantiveram em seus empregos, mas que viram nesse período uma oportunidade de se reinventarem com o trabalho remoto, que possibilitou para muitos uma reavaliação da carreira e da vida como um todo.

O home office, que no primeiro semestre de 2020 soou para muitos mais como “hell office”, parece ter contribuído positivamente para que profissionais imersos em suas rotinas e entregas, passassem a questionar suas prioridades e propósitos.

Famílias se reconectaram, novas habilidades foram descobertas e qualidade de vida, para muitos, deixou de ser algo negociável. Além disso, a flexibilidade de horários e rotinas possibilitou que muitos projetos engavetados saíssem da gaveta e que profissionais enxergassem uma oportunidade de, finalmente, partir para uma carreira mais gratificante.

Indecisão faz parte do processo

Pesquisa realizada pelo grupo britânico de educação Pearson revelou que cerca de 76% dos brasileiros cogitaram uma mudança de carreira na pandemia, com 59% demonstrando preocupação em mudar em um momento de crise.

Antes de qualquer coisa, é importante frisar que o medo e a insegurança estão sempre presentes em processos de mudança, seja qual for o cenário. Imaginar o contrário seria mera ilusão. Mudanças envolvem incertezas e onde há incerteza, inevitável haver também medo e insegurança.

A decisão de mudar de rumo não é simples e exige um bocado de coragem, mas apesar dos riscos, é possível sim realizar uma mudança de carreira em tempos de pandemia. Muitas mudanças já se concretizaram e outras inúmeras estão em andamento. É necessário, no entanto, que se tenha cautela e uma dose de sensatez, por isso a importância de planejar muito bem cada passo, estipular ações e prazos viáveis, não descartando a possibilidade de conciliar provisoriamente as duas atividades profissionais (a atual e a pretendida).

Sensatez

Sensatez é uma virtude importante quando o assunto é desafio. Neste sentido, algumas dicas se tornam valiosas para profissionais que desejam realizar uma transição de carreira e de forma cautelosa e responsável:

Qualificar-se: assim que definir a nova área de interesse, buscar aperfeiçoamento. Se qualificar é essencial: fazer cursos (hoje existem diversos online, pagos e gratuitos), assistir a workshops e pesquisar as exigências no novo ramo de atuação.

Pesquisar sobre a empresa, conhecer sua cultura organizacional e seus valores. Isso aumenta, e muito as chances de sucesso.

Networking: conectar-se com pessoas é essencial.

Analisar as finanças: se o momento financeiro estiver muito difícil, uma mudança drástica, por hora, pode não ser uma boa ideia.

Comportamentos que podem facilitar sua transição de carreira

Além das análises e ações anteriormente citadas, certos comportamentos podem também ser importantes neste momento:

Valorizar e não ignorar a experiência anterior: as habilidades usadas anteriormente podem ser úteis para a nova atuação. A experiência deve ser vista como ativo e não como passivo.

Mudar a história: é importante mudar a narrativa criando uma forma nova de se comunicar. Isso inclui romper com a linguagem e jargões utilizados até então e adotar uma linguagem compatível com o novo setor, para comunicar claramente os conhecimentos.

É um erro considerar que para se fazer uma transição de carreira, necessariamente se deve dar um passo atrás. É importante considerar uma mudança lateral ou até uma subida de nível, pois toda experiência é valiosa e pode ser benéfica para os outros setores.

Não ignorar os riscos

Alguns riscos devem ser observados para que não se caia em armadilhas, e o modismo pode ser um deles. Muitas pessoas acabam se arriscando em novas carreiras por acreditarem terem encontrado um caminho fácil para ganhar dinheiro. O ditado “quando a esmola é demais, o santo desconfia” não poderia ser mais adequado nesse contexto. Optar por um caminho só porque ele parece mais fácil pode ser um erro fatal.

Escolher uma carreira só porque, em tese, ela “dá mais dinheiro”, é um outro erro comum. A melhor chance que um profissional tem de ganhar dinheiro é se destacando em algo que goste de fazer.

É comum, também, que neste período os palpiteiros de plantão entrem em ação e, com isso, cair na armadilha do “se eu fosse você” pode ser um risco em potencial. Por essa razão, é de suma importância que cada profissional se conheça suficientemente para saber que tipo de mudança deseja para si.

Outro risco a ser observado é o do imediatismo. As mudanças podem demorar e é, inclusive, bastante provável que elas demorem até se concretizarem, principalmente para aqueles que possuem planos de empreender.

Para finalizar, é necessário enaltecer o poder da intuição, um fator importante a ser considerado, mas tão importante quanto é não ignorar as análises racionais, pois fazer uma transição de carreira seguindo unicamente a intuição pode também ser arriscado.

* Livia Kawano é graduada em Farmácia pela Universidade Federal de Alfenas e pós-graduada pela Faculdade de Medicina do ABC na área de Saúde Coletiva, instituição onde também desenvolveu seu mestrado. Formada em Science of Well Being pela Yale University e em Coaching e Mentoring pela FGV. Realizou duas formações em Coaching (Grupo Atitude Emocional).

Website: https://liviakawano.com.br/