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Obesidade grave impulsiona o aumento de cirurgias na adolescência, dizem estudos

Além de auxiliar na redução de peso, procedimento ajuda na remissão de doenças associadas; tratamento envolve acompanhamento multiprofissional e indicação deve ser precisa; idade mínima autorizada para cirurgia é de 16 anos

São Paulo 8/9/2021 –

Além de auxiliar na redução de peso, procedimento ajuda na remissão de doenças associadas; tratamento envolve acompanhamento multiprofissional e indicação deve ser precisa; idade mínima autorizada para cirurgia é de 16 anos

A prevalência da obesidade entre as populações mais jovens cresceu exponencialmente nos últimos anos. Segundo dados da OMS, 340 milhões de crianças e adolescentes possuem algum grau de obesidade ou estão acima do peso. Na adolescência, além do maior risco do desenvolvimento de doenças, o excesso de peso também pode provocar impactos psíquicos e sociais.

O aumento da taxa de obesidade grave nessa faixa etária, contudo, tem elevado a busca por tratamentos mais efetivos e radicais, como a cirurgia bariátrica e metabólica. Em um levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), foi constatado que o número de jovens operados na rede privada passou de 660 casos em 2008, para 2,1 mil em 2019, resultando em um aumento de 218% em dez anos. 

O cirurgião bariátrico José Afonso Sallet, de São Paulo, explica esse acontecimento. “Infelizmente a incidência de obesidade mórbida com ou sem doenças associadas entre adolescentes de 12 a 18 anos cresceu muito nos últimos anos. Isso é resultado principalmente do mau hábito alimentar e da inatividade física, muito presentes nessa era digital”.  

Conforme o médico-diretor do Instituto de Medicina Sallet, um segundo fator é que a cirurgia bariátrica e metabólica atingiu um elevado grau de maturidade e segurança no Brasil nos últimos 5 anos, de forma que pais e adolescentes se sentem mais seguros para buscar essa categoria de tratamento. 

Indicação médica

A realização da cirurgia bariátrica e metabólica em pacientes menores de idade já é permitida pelo Ministério da Saúde desde 2012. Já para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a adequação ocorreu neste ano. A recomendação é ter, pelo menos,16 anos e um IMC entre 35 e 40 na presença de comorbidades ou IMC maior que 40, independentemente de doenças associadas. Além disso, também é preciso ter falha nos outros tratamentos clínicos interdisciplinares por um período mínimo de 2 anos e já possuir maturidade óssea e sexual.  

“O acompanhamento de uma equipe multiprofissional é também muito importante para que essa indicação seja precisa. Além do cirurgião, nutricionista, endocrinologista, psicólogo e preparador físico, é essencial que o adolescente seja assistido pelo pediatra, de modo a garantir a indicação e tratamento adequados, sem prejuízos nutricionais e atraso de desenvolvimento”, explica a endocrinologista Renata Midori. 

Eficácia do tratamento cirúrgico

Um estudo de Avaliação Longitudinal de Cirurgia Bariátrica realizado com 242 adolescentes operados, publicado no Jornal Pediatrics, revelou que os adolescentes mais jovens, de 13 a 15 anos, tiveram perda de peso significativa e grande parte obteve resolução de comorbidades metabólicas importantes após 5 anos. 

Conforme Sallet, além de ser um tratamento eficaz e duradouro, como demonstram os estudos, a cirurgia bariátrica em adolescentes envolve menos riscos. “Geralmente esse perfil de paciente é mais saudável que o adulto e não apresenta doenças associadas e, quando sim, não são comorbidades graves. A recuperação pós-operatória é igualmente mais rápida e eficiente”, completa.

Combatendo na infância

Apesar dos resultados efetivos, os especialistas e órgãos de saúde admitem que a cirurgia bariátrica possui indicações específicas e nunca deve ser a primeira opção de tratamento para o sobrepeso ou obesidade. Segundo Renata Midori, a melhor maneira de evitar a necessidade dessa intervenção, é prevenir ou remediar a doença precocemente.

 “A obesidade é uma doença multifatorial, no entanto, a causa mais comum entre crianças e adolescentes está relacionada a uma alta ingestão calórica combinada a uma predisposição genética. Portanto, implementar um estilo de vida saudável na primeira infância da criança, adotando modificações dietéticas na rotina familiar e valorizando a atividade física, é a base para evitar problemas futuros”, aconselha a médica endocrinologista. 

 

Website: https://www.sallet.com.br/