Brasília/DF 24/11/2021 – O projeto tem um papel fundamental de formação dos estudantes, explica Nelson Latif, músico idealizador do Alma Brasileira
Cinco músicos e educadores do Coletivo Educação pela Arte, que atuam em Brasília (DF), se reuniram para levar música e experimentação artística a estudantes do ensino público, na faixa de 12 a 16 anos. Trata-se do Projeto Alma Brasileira que encerra a temporada deste ano com o quarto encontro na próxima sexta-feira (26), no CEF 01, Varjão-DF, que fica na Vila Varjão do Torto, Quadra 07, Conjunto D, Lote 02, Setor de Habitações Individuais Norte.
Nesta edição de 2021, o projeto tem duas importantes missões: surpreender os alunos com uma vivência interativa e sensorial através da música e envolvê-los num processo de ressocialização após o distanciamento social durante a pandemia do novo Coronavírus.
O Alma Brasileira existe desde 2005 e já foi realizado em mais de 30 países, entre eles: Egito, Síria, Líbano, Bélgica, Holanda, Irlanda, Suécia, Hungria, Azerbaijão, Jordânia, França, Moçambique, Nova Zelândia, Guatemala, além de em diversas cidades brasileiras – passando por universidades, escolas, conservatórios musicais e CEBs (Centros de Estudos Brasileiros no Exterior). Em Brasília, a primeira experiência aconteceu em 2018.
Com a retomada das escolas públicas às atividades presenciais nesta nova fase da crise sanitária, a proposta dos músicos é levar uma motivação extra às aulas presenciais.
Segundo Nelson Latif, músico idealizador do Alma Brasileira, é ponto comum entre artistas e gestores da área da educação que os primeiros estímulos artísticos de crianças e jovens são fundamentais para seu desenvolvimento cognitivo, motor e humanístico. “O projeto tem um papel fundamental de formação dos estudantes, pois a exposição da arte de qualidade dentro dos espaços públicos de ensino é escassa em todo território nacional. Com isso, eles acabam tendo pouco acesso à produção cultural de seu país”, explica.
Na contramão dessa realidade, os músicos envolvidos buscam despertar o interesse dos estudantes para a música e quem sabe até descobrir novos talentos. O percussionista Sandro Alves reforça que os participantes se encantam com os ritmos que marcam a cultura brasileira. “Usamos a arte como fio condutor para levar educação e uma nova conscientização sobre a importância da música. As crianças e adolescentes têm contato com instrumentos e com uma nova percepção de arte, o que ajuda muito na formação. E ainda aprendem e se divertem. Isso é maravilhoso”, diz.
Temporada 2021
Neste ano, o Alma Brasileira, formado pelos músicos Ismael Rattis, Marcelo Lima, Nelson Latif e Sandro Alves, conta com a participação especial de Preto Breu, cantor e compositor do DF.
Composições do artista convidado estão sendo apresentadas aos estudantes, ao lado de outras do cancioneiro popular – como de Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Adoniran Barbosa, Egberto Gismonti, entre outros. A ideia é fazer uma viagem através da história da cultura brasileira. Choro, samba, frevo e alguns estilos só percussivos são mostrados nas oficinas de percussão, como o samba batucada e o ijexá. “Usamos nesta proposta de ensino a lição ‘Paulo Freiriana’ de que ‘educação é para todos’”, comenta Preto Breu, que também é professor e tem forte identidade com as comunidades inseridas no projeto. O artista é uma referência para este público.
“Esse trabalho é importante porque juntamos grandes profissionais com carreiras internacionais e os colocamos dentro das escolas de ensino médio e fundamental”, enfatiza. Para Preto Breu, inserir a cultura brasileira nestes espaços oferece mais que uma formação – “traz uma claridade e um significado para músicas que existem no Brasil, mostrando como é a alma brasileira. Estamos movimentando essa garotada e esperamos que eles despertem para as várias possibilidades da música – como movimento, profissão ou lazer”.
O músico e professor Ismael Rattis, que está há sete anos no projeto, diz que a experiência vai além da formação musical e se depara com a falta de professores de música dentro das escolas públicas. “Levamos uma proposta multidisciplinar e é possível envolver professores de todas as disciplinas. Tem sido muito gratificante”, revela. Ele sinaliza uma outra importante função do projeto: a responsabilidade social. “À medida em que destrinchamos nossa história por meio da música, procuramos demonstrar como acontecem os processos étnicos no Brasil e como isso influencia a produção musical”.
Outra constatação do grupo é o quanto a música pode trabalhar a criatividade e levar as pessoas para outros lugares que não o de conflitos, ao mesmo tempo em que gera reflexões. “A música tem forte relação com nosso dia a dia e com nosso arquivo identitário. Isso é encantador porque os ouvidos das pessoas se tornam mais críticos e mais atentos ao que está na paisagem sonora ao seu redor”, ressalta Rattis.
O músico Marcelo Lima avalia que o Alma Brasileira faz, na verdade, um grande convite para um mergulho no universo da música. “É uma experiência sonora marcante – um primeiro contato, quase de espanto, mas aí a gente percebe a admiração dos estudantes diante de um tamborim, por exemplo. A música faz parte do ser humano de forma integral e o transforma para sempre”, finaliza.
Como funciona o projeto?
O Alma Brasileira promove concertos, palestras musicadas e oficinas de percussão. Para muitos estudantes, essa é a primeira apresentação musical que assistem, o que os sensibiliza. O objetivo dos artistas é gerar um entendimento mais amplo sobre a cultura local e a miscigenação étnica que estão nas raízes da MPB.
O projeto conta com fomento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.
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