Dois tamanduás-bandeira e dois lobos-guará foram registrados neste ano no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, no Paraná. A presença das espécies, ameadas de extinção, foi registrada por câmeras automáticas instaladas no espaço. A presença desses animais na região é um sinal positivo em relação à preservação ambiental.
“O último registro que tivemos da espécie foi em 1982, quando um foi encontrado atropelado na rodovia que cruza a unidade de conservação. Consideramos inclusive que o animal estava extinto na região quando elaboramos o plano de manejo do parque. Por isso a aparição dos tamanduás é algo fantástico, é um sinal de que as ações de conservação que fazemos na região estão facilitando o seu retorno deles”, diz o técnico responsável pelo Parque Estadual de Vila Velha dentro do IAT, Juarez Baskoski.
Uma dessas ações é a remoção manual ou por queimadas controladas do pinus, planta exótica e invasora que prejudica o desenvolvimento de plantas nativas dentro do parque. Desde 2022, a equipe do IAT executa esses procedimentos de forma regular com o auxílio da Iniciativa Campos Gerais, grupo de voluntários que ajuda na conservação de áreas de preservação ambiental da região. Em junho, o programa alcançou a marca de 2.560 hectares limpos da UC, totalizando 80% da área do parque
O promotor do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema), do Ministério Público do Paraná, e voluntário da Iniciativa Campos Gerais, Fábio Grade, também destaca que a instalação das câmeras automáticas no Parque tem relação com o trabalho do grupo.
“Passamos a encontrar pegadas de animais em áreas onde o pinus já tinha sido removido. Então começamos a instalar essas câmeras para identificar quais eram esses animais que voltaram a ocupar essas áreas depois da limpeza, até como forma de ajudar com a conscientização do nosso trabalho”, afirma.
Fauna brasileira
O tamanduá-bandeira é um mamífero que mede cerca de dois metros, podendo pesar até 45 quilos. A espécie se alimenta principalmente de formigas e cupins, usando as garras dianteiras para abrir buracos no solo e a língua de 60 centímetros para capturar os insetos.
O animal pode ser facilmente reconhecido por sua pelagem característica, que tem uma faixa diagonal preta com bordas brancas que se estende do peito até a metade do dorso, além do característico focinho comprido. É uma espécie solitária, que é mais ativa durante os períodos mais amenos do dia.
O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é um mamífero típico do Cerrado e é considerado o maior canídeo da América do Sul, podendo atingir até um metro de altura e pesar 30 quilos. Na natureza, vive por cerca de 15 anos. A cada gestação, que dura pouco mais de dois meses, nascem em média dois filhotes.
O lobo-guará é uma das espécies que aparece na lista de vulneráveis do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, correndo risco de extinção. De acordo com a autarquia, levantamento em 2020 apontou para a existência de apenas 5.642 indivíduos no País. Outra estatística preocupante é que, ainda segundo o ICMBio, cerca de 1,5 mil lobos-guará são atropelados por ano no País.