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Aos 13 anos, atleta curitibana trans ganha segundo lugar no Campeonato Mundial de Patinação

Maria Joaquina é a mais jovem patinadora da seleção brasileira e a primeira curitibana a conquistar uma medalha na modalidade.
Maria Joaquina é a mais jovem patinadora da seleção brasileira e a primeira curitibana a conquistar uma medalha na modalidade.

Em setembro aconteceu a final do Campeonato Mundial de Patinação Artística em Assunção, no Paraguai. E teve medalha para o Brasil – e para Curitiba, com a jovem Maria Joaquina Cavalcanti Reikdal, de 13 anos. Ela conquistou o segundo melhor lugar na competição e, assim, trouxe uma medalha inédita para a capital paranaense.

A performance de Maria Joaquina foi espetacular. A jovem chegou a liderar a competição na prova Short (curta), de até três minutos, no primeiro dia de competição. Por sua vez, na modalidade Long (longa), de até quatro minutos e meio, ela conquistou a segunda melhor posição, que lhe rendeu a prata no Mundial.

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A pontuação final de Maria Joaquina, somando-se as duas apresentações, foi de 102,99 pontos. Dessa forma, ela só ficou atrás da italiana, que somou 112,98 pontos. Foto: World Skate/ Divulgação

Representatividade e apoio familiar

Além de muito talentosa na patinação, Maria Joaquina é uma jovem trans. Aos oito anos, os pais de Maria Joaquina, Cleber e Gustavo, perceberam que a filha começou a usar as roupas de sua irmã mais nova. Dessa maneira, levaram a menina a um psicólogo, para compreender a sua adaptação e fornecer suporte à sua transição de gênero. 

Em entrevista ao portal Bebê, da revista Abril, Cleber conta que o início da transição da filha foi um momento difícil. “Tivemos que aturar dez mil pessoas dizendo que deveríamos forçar ela a ser menino, colocar no futebol, proibir de usar a roupa que quisesse, mas os profissionais do HC (Hospital de Clínicas) e a psicóloga sempre nos orientaram a acolher”, lembra.

Em 2019, Maria Joaquina foi barrada do Campeonato Sul Americano por ser uma menina trans. Mas, com a mobilização da família e de pessoas que se solidarizaram com a atleta, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) liberou sua participação. Foto: Gustavo Cavalcanti/ Arquivo Pessoal

De acordo com o pai de Maria Joaquina, que também é especialista em patinação, hoje as pessoas não conseguem enxergar a atleta como não sendo uma menina. Cleber também afirmou que a filha começou o seu tratamento hormonal neste ano, com suporte de profissionais. 

“Muitas pessoas acham que o meio é quem muda ou não a criança, que é possível ‘transformar’ ela, mas na verdade ele só permitirá ou atrapalhará sua expressão”, reforça.

Reportagem de Isabela Stanga, sob supervisão de Ana Flavia Silva.

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