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Aos 16 anos, chinesa com albinismo abandonada pelos pais se torna modelo da Vogue

Xueli foi abandonada quando era bebê por causa do albinismo. Contudo, isso não a impediu de seguir a carreira de modelo.
Xueli foi abandonada quando era bebê por causa de sua condição genética. Contudo, isso não a impediu de seguir a carreira de modelo.

Xueli Abbing tem 16 anos e possui albinismo. Assim, as suas células não conseguem processar a melanina, substância que dá cor a olhos, cabelos e pele. Em algumas culturas, inclusive na China, as pessoas consideram o albinismo uma maldição, o que levou os pais de Xueli a abandonarem a porta de um orfanato quando ela era um bebê. Hoje, ela estampa campanhas e capas de revista e encanta por sua beleza. 

Adotada quando tinha três anos por uma família de holandesas, a jovem conta à BBC que recebeu seu nome no orfanato. “A equipe do orfanato me chamou de Xue Li. Xue significa neve e Li significa bela”, lembra. Dessa forma, a mãe adotiva de Xueli quis manter as raízes chinesas da filha e manteve seu nome.

Vida com albinismo na China

Xueli explica à BBC que nasceu na época em que a política do filho único valia na China. Assim, muitos pais rejeitavam seus filhos para ter outra criança, se eles não fossem como eles desejavam.”Era muito azar se você tivesse um filho com albinismo. Algumas crianças, como eu, foram abandonadas, outras ficavam trancadas ou, se iam à escola, seus cabelos eram pintados de preto”, expõe. 

A jovem aponta que teve que fazer um raio-x para descobrir quantos anos tinha, porque seus pais biológicos não deixaram nenhuma informação sobre ela. Nem sua data de aniversário Xueli sabe.

Carreira de modelo

A chinesa despertou o interesse de designers e fotógrafos quando ainda era criança. Isso porque em seu primeiro trabalho como modelo, ela tinha apenas 11 anos. Por acaso, seu primeiro desfile foi em Hong Kong, perto de sua terra natal.

Aos 16 anos, a chinesa estrelou campanhas como a  de  Kurt Geiger, marca de itens de luxo. Foto: Zebedee Management/ Divulgação.

“Minha mãe estava em contato com uma designer que era de Hong Kong. Ela tem um filho com lábio leporino e decidiu que queria desenhar roupas bem estilosas para ele”, relembra Xueli. “Ela chamou a campanha de “imperfeições perfeitas” e perguntou se eu queria participar de seu desfile de moda em Hong Kong. Foi uma experiência incrível”.

Depois desse primeiro trabalho, a jovem recebeu convite da agência de modelos  Zebedee Talent, que busca representar pessoas com deficiências na indústria da moda. Em 2019, Xueli estrelou na Vogue Itália, uma das revistas mais famosas do mundo. A partir daí ela estrelou diversas campanhas.

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Representatividade no mundo da moda

Ainda existem modelos que têm quase dois metros e meio e são magras, mas agora as pessoas com deficiências ou com diferenças aparecem mais na mídia e isso é ótimo – mas deveria ser normal”, pontua Xueli.

Xueli deseja mudar o mundo da indústria e mostrar que a beleza não precisa se limitar a um único tipo de corpo. Foto: Reiny Bourgonje (Instagram)/Reprodução.

A modelo diz que não deseja aceitar o seu passado, muito menos o preconceito que as pessoas com albinismo sofrem. “ Não vou aceitar que crianças sejam assassinadas por causa de seu albinismo. Eu quero mudar o mundo”, afirma.

Reportagem de Isabela Stanga, sob supervisão de Ana Flavia Silva.