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Ararinhas-azuis são soltas na natureza após 20 anos

Primeiro grupo de ararinhas-azuis é composto por oito aves e foi solto em Curaçá (BA)
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Primeiro grupo de ararinhas-azuis é composto por oito aves e foi solto em Curaçá (BA)

Junho de 2022 entrou para a história da biodiversidade brasileira. Foi no dia 11 que uma espécie declarada extinta há mais de duas décadas voltou à natureza. Oito exemplares de ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) foram soltos na natureza e voaram pela primeira vez pelos céus de Curaçá. O município baiano de pouco mais de 30 mil habitantes é o ambiente natural das aves.

A reintrodução deste primeiro grupo, de oito aves (cinco fêmeas e três machos), cumpriu um dos objetivos previstos no Plano de Ação Nacional (PAN) Ararinha-azul. A iniciativa é coordenada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave/ICMBio). Em seu segundo ciclo, o PAN traça estratégias de conservação da ave, que inclui objetivos como o aumento populacional por meio da reprodução dos espécimes em cativeiro, repatriação de aves que estavam no exterior; a criação de unidades de conservação dedicadas a proteger o hábitat da ararinha-azul e a soltura de alguns grupos na natureza.

O grupo solto incluiu também oito espécimes da ave maracanã (Primolius maracana), outro psitacídeo (grupo que inclui araras, papagaios, maritacas e afins) que é ecologicamente semelhante à ararinha-azul. Neste processo, as maracanãs serão “professoras” das ararinhas-azuis. A ideia é que elas ensinem os hábitos da Caatinga, como procurar alimentos, evitar predadores e, quem sabe, a construir ninhos para os primeiros filhotes nascidos em vida livre.

Vida livre

As aves soltas foram anilhadas e estão sendo monitoradas pela equipe do Criadouro Científico para fins conservacionistas do Programa de Reintrodução da Ararinha-azul. A partir de agora, os técnicos vão verificar os hábitos, por onde estão voando e como estão interagindo com o ambiente. Segundo a analista ambiental do ICMBio e coordenadora executiva do PAN Ararinha Azul, Camile Lugarini, pode levar cerca de seis meses para que as aves se adaptem totalmente ao seu antigo habitat. A expectativa é de que este primeiro grupo gere lições preciosas para os grupos posteriores, ensinando aos “calouros” como viver na natureza e gerando dados inéditos sobre o comportamento da espécie em vida livre.

Parceria pelas ararinhas-azuis

A reintrodução da ararinha-azul à natureza é somente uma etapa de um longo processo que envolve o esforço de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, de instituições públicas, privadas e do terceiro setor. A soltura deste sábado foi fruto de uma parceria entre Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a organização não governamental alemã Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP).

Dentre os produtos desta parceria, estão a repatriação de 52 aves vindas da Alemanha que posteriormente foram instaladas no Criadouro Científico para fins conservacionistas do Programa de Reintrodução da Ararinha-azul, mantido pela ACTP para criação das ararinhas-azuis. 

Apesar da reintrodução, o esforço para salvar a ararinha-azul é um processo que levará muitos anos, visto a necessidade de continuar aumentando continuamente a população em cativeiro e que as novas aves tenham variabilidade genética suficiente para sustentar populações viáveis ao longo dos anos. Além disso, agora que elas retornaram ao seu ambiente natural, será necessário uma atenção especial ao habitat, a fim de evitar a degradação ambiental da Caatinga. E para isso, a participação da população de Curaçá será indispensável. Eles serão os principais defensores de sua maior joia – a ararinha-azul.

Com informações do ICMBIO