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Barbeiro corta cabelos de crianças com autismo de forma inclusiva

O barbeiro corta cabelo de crianças com autismo de forma inclusiva, tornando o corte um momento acolhedor e de muita empatia.
Barbeiro faz cortes de cabelo em crianças com autismo de forma inclusiva.
Foto: Reprodução/Instagram @kaduzera_naarea

O barbeiro Kadu atende crianças com autismo de forma inclusiva em Itajaí, Santa Catarina. Os atendimentos chamam atenção pela facilidade em que ele realiza o corte de cabelo das crianças tornando esse momento acolhedor e de muita empatia.

A empatia é a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente e de apreender do modo como ela apreende. E é desta forma que pode-se classificar os atendimentos deste profissional.

Os atendimentos começam antes mesmo dos clientes chegarem ao estabelecimento, Kadu conversa antecipadamente com a família para tomar conhecimento do grau de autismo da criança. Em graus mais leves ele separa um horário de 40 minutos, sendo que em graus mais severos, dois horários são necessários para realizar o corte de cabelo.

Além disso, as crianças com hipersensibilidade e de grau mais severo, o processo de atendimento também é diferente.

A condução dos atendimentos acontece já na chegada dos clientes, segundo ele, neste momento ao recepcionar de forma vibrante e alegre é o diferencial para que a criança se sinta acolhida e parte do local.

Nos primeiros minutos, a criança é envolvida aos brinquedos pedagógicos e já ali é feito a introdução aos materiais que serão utilizados durante o corte, como: secador, espanador, tesoura, pente, máquina e borrifador. Além de tocar no couro cabeludo para entender qual é a sensibilidade daquela criança. E assim, ir identificando o que pode ou não utilizar durante o atendimento.

“Eu quero fazer um trabalho, no qual a gente vai superando esses pequenos traumas, medos, sensibilidade da criança. Então a forma que eu conduzo, tento sempre mostrar pra eles o que a gente ‘tá’ fazendo e que é legal fazer aquilo”, afirma Kadu.

Kadu também se destaca pelo diferencial na humanização de seu trabalho, sendo o primeiro profissional da área da beleza a desenvolver um treinamento de atendimento humanizado para profissionais que desejam facilitar o atendimento voltado para crianças com autismo.

Primeiro atendimento

O primeiro atendimento foi ainda quando barbeiro estava em treinamento para se tornar profissional. Uma amiga próxima pediu que para que ele tentasse cortar o cabelo do seu filho que é autista (nível 2 de suporte), pois ele não deixava nenhuma pessoa realizar o corte.

Kadu conta que este foi o primeiro atendimento voltado a pessoa com autismo. E tudo começou em uma brincadeira, a experiência deu tão certo que até hoje, Enzo, segue cortando o cabelo com ele.

Gratidão

A parte mais gratificante dos atendimentos segundo ele, é o alívio no olhar de cada pai. Cada avanço da criança em aceitar o contato, seja penteando o seu cabelo ou até mesmo dando o primeiro aparo já são pequenas conquistas.

“São pais que vibram com pequenos obstáculos superados”, afirma Kadu.

Ele ressalta que se sente muito feliz em diminuir a carga da família, que muitas vezes já sofreram muito com situações em que não conseguiram fazer um corte de cabelo nestas crianças, por conta da falta de empatia e inclusão de alguns profissionais.

Movimento de inclusão

O profissional atua há quatro anos e meio, mas nos últimos 3 meses resolver abraçar este movimento de inclusão com autistas. O termo atendimento não se encaixa em seu trabalho, o termo correto segundo ele é movimento de inclusão, pois seu atendimento vai para além deste conceito. O intuito disto é trazer uma mensagem, que é possível atender uma criança com autismo.

Foto: Reprodução/Instagram @kaduzera_naarea

Um importante marco para ele foi quando o primeiro vídeo cortando o cabelo de uma criança com autismo viralizou na internet, e ele recebeu muitas mensagens de mães de autistas maravilhadas com o atendimento, algo que segundo Kadu, já era o normal dentro da barbearia.

“O que eu não sabia é que mostrar isso causaria tanto impacto pela falta que fazia”, afirma o barbeiro.

Dificuldades

Apesar de todo apoio, Kadu conta que enfrentou dificuldades para executar o seu trabalho em barbearias convencionais, visto que os atendimentos com crianças autistas são mais longos, assim, ele atendia uma quantidade menor de pessoas.

Em dado momento ele teve que parar com os atendimentos, pois ficou sem um espaço para desempenhar seu trabalho. O incentivo para não pausar as atividades veio de um dono de barbearia que se sensibilizou e cedeu o espaço para que Kadu continuasse com os atendimentos.

“Ao longo prazo é um processo terapêutico, as crianças evoluem e consequentemente, eu consigo atender elas mais rápido”, afirma o profissional.

Kadu tem o sonho de abrir sua própria barbearia inclusiva, para que consiga executar os atendimentos cada vez mais acolhedores e inclusivos. Uma bela iniciativa!

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Reportagem de Gabriela Rocha, sob orientação de Ana Flavia Silva.