São mais de 17 mil quilômetros de distância, encurtada por vídeos, textos e fotos postados nas redes sociais. Do Japão, o tutor da gatinha Áquila, Amdio Hirano Rocha, compartilha a rotina aventureira da dupla, que inclui saltos de paraglider, trilhas e viagens.
Contra todos os estereótipos dos felinos, a gatinha de quatro anos se diverte nas aventuras e demonstra satisfação com as experiências. A simpatia do tutor e a ousadia da gata atraem olhares de todo o mundo e formam uma comunidade com mais de 100 mil participantes. São grupos fechados no Facebook, páginas nas redes sociais, um site com blog e até uma marca de grife – a Aquila Style – com acessórios para pets e humanos. Amdio conta que começou a compartilhar a rotina da dupla sem muitas pretensões: “Eu não imaginava que teria uma comunidade tão grande, mas o número começou a crescer. Eram 10 mil, 20 mil, 30 mil e foi assim por diante…”
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Uma aventura pelo mundo
Amdio está no Japão há 33 anos. Toca piano e bateria, trabalha com tecnologia e programação de robôs e está desenvolvendo habilidades com animação em 3D. É um entusiasta da vida, do aprendizado e das experiências. Foi isso que o impulsionou a desenvolver um projeto para aproximar os fãs da gatinha. “Eu percebia algumas pessoas deprimidas e tristes. E a Áquila alegrava elas. Então pensei: ‘vamos fazer uma aventura, já que a Áquila é aventureira. Algo que ajude a resgatar a confiança entre as pessoas, aquelas coisas que fazem bem para a alma”, lembra. A proposta é arrojada: fazer uma bandeira percorrer o Brasil reunindo assinaturas dos seguidores da dupla. Depois, a peça deve passar por outros países e seguir para o Japão, onde vai ser exibida em um vôo dos aventureiros.
A ousadia de Amdio contou com a paixão dos fãs. Voluntários de todo o país se dispuseram a organizar a viagem da bandeira e os encontros entre os seguidores para a assinatura. A ideia original era usar uma bandeira oficial do Brasil, que chegou a ser comprada, mas o grupo pesquisou e descobriu que não se pode escrever sobre o símbolo do país. Uma artista pintou uma bandeira estilizada, mas o material usado não era forte o suficiente para as viagens e diferentes climas. Até que o próprio Amdio fez um design de uma bandeira com as cores verde, amarela, azul e branca, com direito a uma patinha e a frase “Voando pelo Japão” – o anúncio do destino final da peça.
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Cada cidade, uma história
A iniciativa da bandeira busca unir as pessoas e inseri-las em um propósito maior: a história toda deve se tornar um livro. “As pessoas vão ter os nomes delas no céu do Japão e também no livro. Vão poder contar essa história. A gente não pensa no número de participantes, mas na qualidade”, relata Amdio. Entre as muitas histórias já registradas estão a de uma senhora que enfrentou duas horas de ônibus para chegar ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, onde o grupo fez as assinaturas, e a da proprietária de uma panificadora em São Paulo, que cedeu lanche para todos os assinantes.
A mobilização tem chamado a atenção. Amdio conta que um amigo, envolvido com realização de eventos, custou acreditar que não há empresas por trás da organização.
“Não tem empresa, não tem ninguém. As pessoas estão se conectando e fazendo acontecer. Eu senti um orgulho tão grande quando eu vi todas essas pessoas fazendo acontecer”.
Também por isso, o percurso está sujeito a falhas pontuais. Em Curitiba, no Paraná, a equipe de apoiadores acabou assinando sobre a patinha, a parte branca da bandeira, que estava preservada até então. A ideia era deixar o espaço intacto, para ser usado somente no Japão, mas a informação não alcançou a todos. Nada que possa interromper a grandeza da ação.
Em tempos de divisões, distanciamentos e egoísmo, uma gatinha do outro lado do mundo mostra que as mudanças podem acontecer quando somos capazes de nos conectar. “Vamos alcançar o céu!”, diz Amdio. Alguém duvida?