Moradores da Vila Sahy, em São Sebastião, no Litoral de São Paulo, têm recebido um conhecimento especial para impulsionar a economia local. A região, afetada por fortes chuvas em fevereiro, abraça ações do Instituto Verdescola, uma ONG que oferece atendimento psicossocial, oficinas educativas e cursos de qualificação profissional.
Uma das ações é o curso de fotografia profissional. Inicialmente, a formação era ministrada somente para os jovens assistidos pela ONG, com idades entre 10 e 17 anos. No entanto, o público-alvo expandiu para todos os moradores da região. Os alunos têm interesses diversos. Há quem queira trabalhar com fotografia profissional e também quem deseja usar o conhecimento para alavancar o próprio negócio.
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Vidas transformadas por meio da fotografia
Lucas Resende e a esposa Sara Dafne da Rocha montaram uma loja de doces na Vila Sahy. Como a fotografia de alimentos já estava na grade do curso do Verdeescola, ele aproveitou para aprimorar as habilidades e assim divulgar os doces. “Eu trabalho com produtos que as pessoas, primeiro, comem com os olhos. Eu precisava que essa divulgação estivesse o mais profissional possível dentro da minha realidade. E o curso tem me ajudado nisso. Temos melhorado a nossa divulgação por meio das fotos”, conta.
O fotógrafo que ministra o curso, Martin Gurfein, percebeu que a iniciativa também poderia ajudar um funcionário do Verdescola, que faz doce de leite com a filha. “Decidi unir os propósitos e ajudar esses empreendedores”, explica Gurfein.
Encarregado da limpeza do Instituto, Francisco Idelbrando Chaves, o Dell, começou a fazer doce de leite caseiro com a filha para complementar a renda, o Doce do Dell. “Eu vendi um doce para o Martin e ele gostou muito. Então, se prontificou a me ajudar tirando fotos para divulgar. A turma fez fotos lindas que usei no Instagram e no WhatsApp e tive mais visibilidade. O pessoal viu o doce no pão francês e tudo. Ficou muito bom”, comemora.
Fotos que impulsionam vendas
O negócio do Lucas e da esposa, o Cantinho Doce, também colheu resultados com o curso de fotografia. As vendas cresceram, as fotos profissionais despertaram o interesse de outras pessoas para provar os produtos.
“O que Martin fez foi mostrar na prática o que é um pensamento sustentável aos seus aspirantes de fotografia que sairão do curso com uma visão sistêmica e integral”, explica Raquel de Oliveira, diretora-geral do Instituto Verdescola. O mentor enxergou uma necessidade real da comunidade, mudou o curso da aula prática e ali ele iniciou uma ação que pode ser aplicada em outros segmentos de comércio da região. “Trabalho com essa comunidade há 13 anos e sei que a Vila Sahy precisa se sustentar. Os habitantes da Vila merecem esse crescimento e entender que posso ir além das aulas me deixa extremamente inspirado”, conta o fotógrafo profissional.
A experiência tem sido peça-chave para o crescimento profissional de Lucas. “O curso está me ajudando a ter noção de como me comportar ao tirar uma foto, a melhorar a divulgação dos meus produtos. E ainda tenho um professor com vasta experiência no que faz, fico honrado de fazer parte de tudo isso”, declarou Lucas.
Oportunidade de crescimento
Outros aspirantes a fotógrafos que participaram da sessão comemoraram o impacto da ação. É o caso de Felipe Musskopf, de 29 anos, professor de inglês apaixonado por fotografia. “Eu entrei no curso pelo aspecto divertido e artístico da fotografia. Mas aprendi a ser um profissional da fotografia, como interagir com o cliente, ter um método de trabalho organizado, saber quando e como usar o equipamento. São coisas que eu não imaginava que ia aprender. Aí você imagina, se a gente aprende a sempre tirar fotos boas assim no dia a dia – dez, quinze alunos – com certeza isso vai ter um impacto muito bom pros comércios locais”.
A maquiadora Paula Penedo também viu no curso uma oportunidade de ampliar a oferta de serviços, mas se deparou com a oportunidade de ajudar outros a crescerem também. “Foi uma honra participar dessas produções. Na era em que estamos, do mundo digital, fotos que vendem são essenciais. Ver o estilo de trabalho do professor Martin também foi incrível, tem sido uma experiência e tanto. O curso tem nos impulsionado e nos motivado muito”.
Atentar-se às necessidades da comunidade é uma prática adotada pelo Instituto Verdescola. “É uma característica do nosso DNA ter uma escuta ativa com nossos assistidos para compor ações que possam auxiliá-los em seu crescimento, com autonomia para a vida e empregabilidade”, explica a diretora-geral da ONG.
Para Raquel, é imprescindível obter a responsabilidade individual de transformar o seu entorno e o mundo. “Quando mudamos nosso olhar e enxergamos além de nós mesmos, percebemos o que as outras pessoas e a comunidade precisam, refletimos e promovemos mudanças efetivas”.
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