Em período em que a democracia brasileira é atacada, o projeto Meu, Seu, Nosso Voto lança site com materiais de apoio em campanha sobre voto responsável. As organizações envolvidas no projeto disponibilizaram e-book que apresenta três pilares que consideram essenciais para um voto responsável: somos seres políticos; somos plurais e somos comunicadores.
Além do e-book, no site é possível entender como se engajar e baixar o guia de rodas de conversa com seis roteiros para a prática. O lançamento foi feito no dia 15 de setembro, com um vídeo-manifesto sobre o voto responsável nas redes sociais.
Formação de multiplicadores
Com os materiais de apoio, o projeto passa à formação de uma rede de multiplicadores e mobilizadores para promoção do diálogo sobre o voto responsável com jovens – sobretudo, mas não só – que votam pela primeira vez. Entretanto, qualquer pessoa pode participar da campanha #MeuSeuNossoVoto e baixar os materiais para ampliar a ideia do voto responsável ou mobilizar grupos de conversa.
Campanha digital
É a partir da iniciativa online e da formação da rede que o projeto propõe a tomada de consciência sobre responsabilidades que antecedem o apertar o botão de confirma. Em um contexto de pandemia, as eleições de 2020 despertam atenção especial à cidadania digital e às consequências dos nossos atos nesse caminho virtual que levará ao voto.
“Essa eleição é muito importante para a democracia brasileira e enfrenta ainda as barreiras impostas pela pandemia, fazendo com que supostamente as discussões acerca das eleições de 2020 estejam mais centralizadas na Internet e nas redes sociais. Em uma disputa tão acirrada por lados e opiniões, notícias falsas e discurso de ódio capaz de mobilizar milhares de pessoas, precisamos tomar ainda mais cuidado sobre aquilo que falamos, fazemos e opinamos nas redes. Porém, os algoritmos muitas vezes nos limitam às nossas bolhas, por isso é tão importante a participação de mobilizadores e multiplicadores diversos, para levar a discussão sobre o voto responsável a diferentes espaços, dentro e fora da Internet”. Michele Bravos, presidente do Instituto Aurora, organização envolvida no projeto.
Por isso, a campanha inclui uma série de ações para tomada de consciência de que o voto é um ato individual, porém de impacto colectivo.
E-book e guia de rodas de conversa
Sob a perspectiva de que o voto é uma ferramenta de transformação social, o grupo atua em duas frentes. A primeira é a disponibilização de materiais de apoio para as instituições e agentes sociais que aderirem à campanha #MeuSeuNossoVoto. Já a segunda é a formação de rede e mobilização online através de rodas de conversa e campanha digital.
A partir dos pilares #SomosSeresPolíticos, #SomosPlurais e #SomosComunicadores, o projeto oferece um guia de conteúdo sobre o voto responsável com sugestões de roteiro para rodas de conversa sobre o tema. Além de conteúdos e metodologias para campanha de comunicação nas redes sociais.
“Partimos da premissa de que somos seres políticos, em cada escolha ou ato, do respeito ao assento preferencial à escolha do representante político. Precisamos sempre ressaltar que somos plurais, o Brasil é um país continental, ao votar de forma responsável, você não pode olhar somente para a sua realidade, para a vida no seu bairro. A dignidade precisa ser coletiva e não seletiva. E o terceiro pilar que sustenta o voto responsável, para nós, é o somos comunicadores. A pandemia ressaltou a necessidade de verificarmos onde e como consumimos notícias. Não somos responsáveis pelo que os outros produzem, mas é nossa responsabilidade o que fazemos com ela, com consciência das consequências graves que elas podem gerar a outras pessoas”, explica Michele.
“O voto responsável é aquele que não deixa ninguém para trás”, adiciona.
Embora o foco seja atingir, sobretudo, jovens que votam pela primeira vez, qualquer pessoa pode se engajar. O importante é que a mensagem sobre o voto responsável atinja o maior número de pessoas possível, dentro e fora da internet.
As formas de engajamento incluem multiplicadores, mobilizadores e amplificadores. Os primeiros são aqueles que podem baixar o Kit de Mídias Sociais e multiplicar a campanha #MeuSeuNossoVoto em suas redes sociais e promover diálogos informais sobre o voto responsável. Já o segundo grupo deve organizar as rodas de conversa com os jovens a partir do e-book e do guia de roteiros. Por fim, os amplificadores são organizações que podem atuar na adaptação do e-book e do guia para públicos específicos. Elas também podem abrir espaço na imprensa para que o assunto “voto responsável” esteja em debate.
Projeto cocriado por mulheres
O projeto surgiu por iniciativa do Instituto Aurora em novembro de 2019. Michele Bravos, em nome da instituição, convidou diferentes organizações para compor um projeto para as eleições de 2020 focado no público jovem. Os grupos interessados participaram de uma reunião inicial ainda naquele ano, retomando a conversa somente em abril, em um cenário completamente diferente.
A partir daí, o projeto foi elaborado semana a semana de forma colaborativa por cinco mulheres. Elas são representantes do Instituto Aurora, Nossa Causa, Escola da Política, Cidade da Gente e Instituto Por.De.Para Mulheres.
Adaptações necessárias
A proposta inicial precisou se adaptar à realidade de uma eleição em meio a uma pandemia. Isso fez com que o projeto se tornasse totalmente digital. Dessa forma, foram suspensas as propostas de rodas de conversa em instituições e escolas, para atuar com foco em ações digitais.
O grupo reconhece que a escolha enfrenta o desafio das limitações de acessibilidade à internet no Brasil, sobretudo a partir das desigualdades evidenciadas pela pandemia. Por isso, o Meu, Seu, Nosso Voto propõe ampliar as discussões com o apoio de mobilizadores e multiplicadores. Assim, eles podem transpor as fronteiras digitais e levar o diálogo para dentro da casa das pessoas.
O projeto suprapartidário Meu, Seu, Nosso Voto considera o voto responsável aquele que preza pelo bem estar de todos e todas. Isso significa que o voto deve ser independente de credo, classe, raça ou etnia, numa noção de representatividade mínima, que não deixa ninguém para trás.