A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.

Educadoras indígenas criam livro para alfabetização de crianças em tupi-guarani

Falta de materiais didáticos em tupi-guarani é um desafio nas aldeias. Professoras pretendem aproximar as crianças da cultura originária.
As professoras são da aldeia Tapirema, no litoral paulista, e pretendem aproximar as crianças da cultura originária.

A falta de materiais didáticos em tupi-guarani é um desafio nas aldeias indígenas. Isso porque, sem os exemplos e um manual que padronize a língua, é difícil para os professores ensinarem – e para as crianças aprenderem.

Assim, três professoras da aldeia Tapirema, em Peruíbe (SP), desenvolveram um livro didático em tupi-guarani, com ajuda de uma educadora não-indígena. Guaciane Gomes é uma das profissionais que iniciou o projeto, pois tinha medo de sua cultura se perder.

“A gente que tem que produzir os nossos conteúdos. Eu planejo minha aula e faço as atividades relativas à língua materna, então, esse livro surgiu não só para ajudar a minha sala de aula, mas todos os alunos da rede que aprendem tupi-guarani”, disse em entrevista ao G1.

Veja mais boas notícias: Programação online é desenvolvida para apoiar o conhecimento e o respeito às culturas indígenas

Vivência na aldeia

Mais do que ensinar a grafia das palavras em tupi-guarani, o livro se baseia em objetos da vivência na aldeia, como o cachimbo. Ademais, também apresenta comidas e animais observados cotidianamente em Tapirema.

“É um livro para ensinar a língua e estimular a criança a buscar traduzir as palavras que ela não conhece e pesquisar com uma pessoa mais velha”, explica Guaciane.

O livro pode ser usado por outros membros da comunidade, mas foi desenvolvido para crianças em processo de alfabetização. Foto: Guaciane Gomes/Arquivo Pessoal

Apesar de pronto, o material ainda não foi publicado por falta de recursos. De acordo com a educadora, as responsáveis pelo projeto entraram em contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai), mas não obtiveram resposta. Se não conseguirem a parceria, devem procurar outros métodos de publicação.

“A gente fica muito preocupado em perder a língua tupi-guarani, porque a tecnologia afeta muito os jovens, e às vezes acaba até prejudicando. Eles não querem saber de estudar, da cultura, e isso é uma realidade das comunidades”, completa.

Reportagem de Isabela Stanga, sob orientação de Ana Flavia Silva.