Uma jovem de 29 anos, Geisiane Ferreira encontrou um destino sustentável para as toneladas de caroços de açaí extraídos diariamente em Altamira (PA). Técnica de administração e pedagoga, ela desenvolveu um projeto para transformar os resíduos em tijolos.
Geisiane criou o projeto durante a participação no Programa Belo Monte Empreende, que busca formar jovens empreendedores na região do Xingu. Em junho, a Feira de Negócios Sustentáveis desenvolvida pela Norte Energia reuniu os projetos apoiados pela iniciativa – um deles o de tijolos sustentáveis.
“Eu pensei em um projeto que contribuísse com a biodiversidade da Amazônia. Consegui a parceria de uma construtora, já que não tenho equipamentos para fazer a prensagem dos tijolos, e estou muito motivada com a possibilidade de produzir em grande quantidade”, conta.
O material é leve, biodegradável e encontrado em grande quantidade na região do Xingu e em toda a Amazônia. No entanto, somente uma pequena parcela do material é usada para adubo e compostagem. O restante, se não parar no aterro sanitário, pode contribuir para alagamentos e assoreamento em canais e vias públicas.
Tijolos de açaí
Uma empresa que produz tijolos gostou da ideia de Geisiane e se interessou em dar andamento ao projeto. Os primeiros protótipos eram menos resistentes, mas o trabalho foi aprimorado e as peças passaram a ter mais resistência.
Para se tornar um tijolo, os caroços de açaí passam por um tempo de secagem ao sol. Em seguida, são moídos, misturados com areia, cimento e com os pelos que são fibras naturais do fruto. Essa mistura é prensada e os tijolos passam por mais alguns dias no sol até estarem prontos para uso.
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Por que fazer tijolos com caroços de açaí
Segundo a inventora, os tijolos convencionais passam por fornos, processo que libera CO² no meio ambiente. Ou seja: a produção gera a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, o trabalho inclui a queima de madeira, o que contribui com o desmatamento.
Já os tijolos feitos a partir dos caroços de açaí não vão ao forno. Além disso, o custo de produção é reduzido e o material ajuda no isolamento acústico e térmico das estruturas.
O produtor ainda não tem o valor final definido. O material também passa por avaliações e testes feitos por engenheiros civis.
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*Leandro Bernardi sob orientação de Ana Flavia Silva