Ana Luísa Guedes obteve na Justiça o direito de cursar Medicina perto de sua família. Assim, ela passa a contar com uma rede de apoio para cuidar de sua filha Lara, de dois anos, e não precisará largar os estudos.
Ana Luísa Guedes da França e Silva, de 23 anos, é mãe da pequena Lara, de dois anos. Por causa das demandas como mãe solo, ela trancou o curso de Medicina na Universidade Federal Fluminense (UFF) quando sua filha nasceu. Isso porque ela teve que cuidar sozinha da filha, pois seus parentes não moram no Rio de Janeiro.
Contudo, a jovem queria continuar os seus estudos. Dessa forma, ela entrou na Justiça e, em dezembro do ano passado, pediu transferência para a Universidade Federal de Goiás (UFG), para morar perto da família. Dessa forma, ela teria uma rede de apoio para tomar conta de Lara enquanto estivesse na faculdade.
A decisão saiu há pouco tempo e, em caso inédito no Brasil, foi favorável à mãe. Em entrevista à Universa, Ana Luísa explica que não acreditou que poderia mesmo continuar cursando Medicina. “Eu chorei quando vi a decisão. Foi algo muito emocionante. Não tinha expectativa que fosse dar certo”, afirma.
Além da maternidade
Assim como Ana Luísa, no Brasil existem mais de 11,5 milhões mulheres “mãe solo”, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Muitas delas, que não possuem uma rede de apoio, precisam abrir mão de seus sonhos para se dedicarem em tempo integral aos filhos.
“Querendo ou não, boa parte das obrigações sempre recai sobre a mulher, e é muito gratificante ser ouvida, ser acolhida e ter alguém que olhe para nós não só como mães, mas como mulheres que têm um sonho, que querem ser bem-sucedidas não só na maternidade, mas também no âmbito profissional”, expõe a jovem.
Para o desembargador que julgou o caso de Ana Luísa, Carlos Pires Brandão, do TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), não se deve obrigar as mulheres a desistirem de suas aspirações profissionais por causa de seus filhos.
A futura médica reconhece à Universa que ter uma rede de apoio é extremamente necessário. “Eu só consegui chegar aonde estou hoje por conta da minha rede de apoio. Seja minha família ou meus amigos, foi tudo por conta deles”, conta. “Eu espero poder ser essa rede de apoio para outras pessoas, assim como foram para mim.”
Reportagem de Isabela Stanga, sob supervisão de Ana Flavia Silva.