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Museu de Curitiba terá curadoria compartilhada para bolsistas indígenas

A mostra “Mejtere: histórias recontadas” apresenta a pluralidade de vozes indígenas e tem curadoria compartilhada com Naine Terena
Museu de Curitiba terá curadoria compartilhada para bolsistas indígenas.

O Museu Paranaense (MUPA) de Curitiba inaugura na próxima semana uma exposição com curadoria compartilhada e participação de indígenas. A mostra “Mejtere: histórias recontadas” apresenta a pluralidade de vozes indígenas, refletindo novas perspectivas sobre as coleções etnográficas do museu partindo do encontro do grupo de bolsistas indígenas com o acervo do MUPA.

Mejtere dá o nome à exposição e vem da língua Mebêngôkre-Kayapó. A expressão pode ser traduzida como “belo, encantador, bom, perfeito”. No entanto, embora ela faça referência a algo singular e único, o significado não se restringe a valores estéticos. É um conceito igualmente moral e ético, porque, para esse povo, belo e bom são valores indissociáveis.

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Curadoria compartilhada

A proposta da curadoria é despertar o pensamento crítico e desconstruir imaginários e estigmas coloniais tão enraizados na história e na cultura brasileira. A exposição é fruto de um projeto iniciado em 2019, que teve como objetivo a curadoria compartilhada entre a instituição e indígenas, para atuação direta de representantes dos povos originários na elaboração de uma nova mostra.

No ano passado, o projeto selecionou três bolsistas indígenas por meio de edital, entre 60 inscritos. Dessa forma, Robson Delgado (Baré), Ivanizia Ruiz (Tikuna) e Camila dos Santos (Kanhgág) passaram a trabalhar com a artista e educadora Naine Terena, referência no cenário atual brasileiro, juntamente com a equipe do museu.

A mostra

A mostra se dá por meio de cinco núcleos, que estão ligados entre si: “Todas as coisas são pequenas”, “Fiandeiras guardiãs: carregando histórias”, “Tessituras da terra”, “Coração na aldeia, pés no mundo” e “Resistências: nada para nós sem nós”. Estes núcleos apresentam diálogos da curadoria com autores indígenas, como Daniel Munduruku, Graça Graúna, Auritha Tabajara, Owerá, Brô Mc’s, OZ Guarani.

Além disso, vários elementos estão presentes na exposição, revelando a linguagem, modos de vida, riqueza étnica e artes de alguns povos indígenas. Assim, a exposição apresenta diferentes formas de conduzir ritos cosmológicos e as relações com os não indígenas.

Segundo a antropóloga do MUPA e curadora adjunta da exposição, Josiéli Spenassatto, a mostra é o início de uma parceria. “A abertura dessa mostra não representa o fim de uma caminhada de meses de encontros, escolhas e pesquisas. Pelo contrário, ela precisa apontar para um futuro com colaborações contínuas entre o Museu Paranaense e diferentes sujeitos indígenas”, revela.

Serviço:

  • Abertura da exposição “Mejtere: histórias recontadas”
  • Data: terça-feira, 28 de fevereiro, às 19h
  • Museu Paranaense – Rua Kellers, 289 – São Francisco – Curitiba (PR)
  • Entrada gratuita

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Com informações da AEN.

Reportagem de Gabriela Rocha, sob orientação de Ana Flavia Silva.