A cidade de São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo, adotou há cerca de um mês a gratuidade no transporte público coletivo. A nova medida, que oferece ônibus de graça todos os dias da semana a qualquer passageiro do município, já apresenta resultados. O número de usuários do transporte mais que dobrou. De acordo com a prefeitura, cerca de 25 mil pessoas andavam de ônibus na cidade. Com a gratuidade, o número de usuários diários dobrou: passou da casa dos 52 mil, com picos de 54 mil.
A mudança na cidade tem sido visível. De acordo com a prefeitura, houve queda no número de remarcações de consultas do Sistema Único de Saúde (SUS) e também teve diminuição da fila dos carros de aplicativos na rodoviária, além das vantagens financeiras já percebidas pela população, que não precisa mais pagar R$ 5 pela passagem.
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O prefeito da cidade, José Auricchio Júnior, elenca as vantagens econômicas que o programa está gerando para o município. Ele defende a tarifa zero como direito social. “Há uma questão mais conceitual. Não só de uma discussão que está posta desde 2013 [ano em que ocorreram as grandes manifestações pelo Passe Livre] com mais intensidade. Mas acho que tem uma questão de como você encara o que é o transporte público. Eu sempre tive uma tendência de achar que o transporte público é quase que um dever do Estado. Como você tem saúde, como tem educação”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.
A previsão do prefeito é que os efeitos da gratuidade sejam mais evidentes em 2024, principalmente no comércio. “Eu deixo de pagar passagem ida e volta, são R$ 10. Eu como um lanche, vou ao açougue, vou gastar no comércio. No final de semana, eu economizei R$ 60, R$ 70, o que me permite sair com a minha família. Enfim, esse é um aspecto de maior circulação e maior consumo”, explica o prefeito.
Auricchio Junior lembra também da desoneração das empresas instaladas na cidade com a gratuidade dos ônibus. Com o passe livre, os empresários deixaram de ter de pagar o vale transporte (VT), e os trabalhadores não são mais descontados. “O pequeno comerciante, pequeno empresário, quando tiver que contratar o próximo funcionário para a empresa dele, vai querer o cara morando onde? Aqui. Então, acho que tem um ciclo virtuoso aí, que ainda é muito precoce para a gente perceber, mas é claramente nessa direção”, revela.
Tarifa Zero custou R$ 2,9 milhões
São Caetano do Sul é a oitava cidade paulista a adotar o sistema de passe livre pleno em 2023, ao lado de Porto Feliz, Piedade, Santa Isabel, Jales, Tietê, Ibaté e Nazaré Paulista. O movimento no sentido da tarifa zero no transporte coletivo de ônibus não é apenas paulista, mas nacional. Das 89 cidades que atualmente têm o passe livre pleno, 27 adotaram o sistema em 2023 – ano em que mais municípios no país passaram a utilizar a não cobrança de passagens de ônibus.
O primeiro mês de Tarifa Zero custou cerca de R$ 2,9 milhões à prefeitura – a cidade tem oito linhas de ônibus que são operadas com 54 veículos pela única concessionária, a Viação Padre Eustáquio. A execução do programa no período de um ano deverá custar R$ 35 milhões, o que corresponderá a 1,5% do orçamento total do município previsto para 2024 (R$ 2,434 bilhões).