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Professores se inspiram em Van Gogh para ensinar de Língua Portuguesa a Matemática

O que crase, artes e matemática cósmica têm em comum? Todos esses conteúdos podem ser explicados a partir da análise da obra do pintor holandês Vincent Van Gogh. Foi o que fizeram os professores Diony Rodrigues, Andreza Pessôa e Morgana Carvalho, do Colégio Positivo, no Paraná. De forma lúdica e criativa, os educadores exploraram conceitos […]
Van Gogh

O que crase, artes e matemática cósmica têm em comum? Todos esses conteúdos podem ser explicados a partir da análise da obra do pintor holandês Vincent Van Gogh. Foi o que fizeram os professores Diony Rodrigues, Andreza Pessôa e Morgana Carvalho, do Colégio Positivo, no Paraná. De forma lúdica e criativa, os educadores exploraram conceitos complexos, como a matemática cósmica, que físicos do mundo todo demoraram anos para compreender, de uma maneira nova para todos: remotamente. Afinal, esse tem sido o desafio desde que a escola passou do presencial para o virtual. 

Criatividade para ensinar

Diony é professor de artes do Colégio Positivo – Master, em Ponta Grossa. O ensino à distância começou quando ele estava com a imunidade baixa, recuperando-se de dengue, isolado no sítio da família para se proteger do coronavírus. Veio então o desafio de gravar aulas de artes on-line para os alunos do Ensino Médio.

“Eu só tinha o celular e alguns livros no sítio. Bateu o frio na barriga. Como gravar aulas que não ficassem chatas e com os poucos recursos que eu dispunha? Tinha que ser lúdico, mas também precisava ter conteúdo, informar de um jeito leve”. Diony Rodrigues, professor de artes.

Ele, então, se reinventou. Fez os alunos se sentirem no lugar do artista. Para isso, nas primeiras aulas chegou a a gravar em a plantação. A ideia era falar sobre o movimento Realista na Europa, que valorizava o que não era aceito nas artes da época, como o camponês. Pegou roupas e tintas velhas e se caracterizou, com muita fidelidade, de modo a representar um dos autorretratos do artista. Dessa forma, conseguiu um engajamento enorme dos alunos – foi uma das aulas de maior sucesso do professor. Além disso, conseguiu mostrar que, se Van Gogh tivesse sido aceito do jeito que era, em sua época, não teria morrido tão cedo. De quebra ainda ensinou aos alunos sobre empatia e pensamento crítico. “São aulas que eles vão lembrar lá no vestibular, ou ensinamentos que vão levar para a vida toda”, comenta o professor, feliz com o resultado que conseguiu com tão poucos recursos.

Aprendizado lúdico

Diony Rodrigues, professor de artes do Colégio Positivo – Master, em Ponta Grossa. Foto: divulgação.

A estudante Maria Luisa Dalzoto Ribeiro, de 15 anos, conta que agora sabe na ponta da língua sobre a infância de Van Gogh. Isso inclui a briga de família e as características de cada uma das quatro fases do artista. “São coisas que ficam marcadas para sempre, não só do conteúdo, mas do professor. A gente vê que ele se dedicou. Nos faz sentirmos mais importantes e nos motiva a aprender, pois é uma aula diferente das outras. E o Diony ficou muito parecido com o autorretrato. Melhor caracterização que já vi. A aula termina, a turma já começa a comentar sobre o que viu. Todos adoram”, diz.

Entre verbos e crases

Os artistas também invadiram as aulas de Língua Portuguesa da Andreza, que leciona para turmas do 9º ano, no Colégio Positivo – Jardim Ambiental, em Curitiba. “Vimos que, com o decorrer das semanas, os alunos foram cansando. Eu percebi que precisava fazer algo a mais para eles voltarem a ser mais participativos. Aí tive a ideia de me caracterizar de artistas diversos. As gestoras apoiaram e foi um sucesso. A ideia não era linkar o artista ao conteúdo que eu estava ensinando. Era só despertar mais a atenção mesmo. Inicio a aula com a leitura de uma frase, de um trecho, de um poema da personalidade do dia para tocá-los, para fazê-los refletir. Enfim, já fiz uma caracterização por semana”, diz Andreza. Além de Van Gogh, a professora já se vestiu de Frida Kahlo, Afarin Sajedi, Fernando Pessoa e até de Smurfete, para descontrair na semana antes do recesso de julho.

Andreza Pessôa, professora Língua Portuguesa do Colégio Positivo – Jardim Ambiental. Foto: divulgação.

Quem garante que as caracterizações realmente chamam atenção para a aula é Caio Bianchini, 14 anos, aluno de Andreza. “As fantasias são inesperadas e tornam a aula bem interessante. Além da Língua Portuguesa, também aprendi sobre quadros de Van Gogh que eu já conhecia, mas não sabia que eram dele. No começo, achei muito difícil as aulas on-line. Era pesado, muito cansativo. Até ver um professor caracterizado, que começou a tornar a aula muito mais dinâmica. A gente vê que ela se dedicou daquela forma por nós. Motiva a prestar mais atenção”, diz o jovem, que garante que aprendeu bastante sobre crase com “Van Gogh” e análise sintática com a “professora Fernando Pessoa”.

Pais aprovam

As aulas caracterizadas não chamam atenção apenas dos alunos. Isso porque, até os pais estão mais ativos na relação escolar dos filhos. “O Caio sempre foi bom aluno. Mas ter interesse por aula on-line já é outra história. Ele começou a comentar muito da professora, do jeito que ela se caracterizava para as aulas, que ficamos curiosos em ver a aula”, diz Leila Wrobel Schatz, mãe do Caio. Ela afirma que isso melhorou muito o interesse e a curiosidade do filho para a disciplina. “Independentemente da faixa etária, a aula tem que despertar o interesse do aluno. Ainda mais de adolescentes, que já fazem escolhas por conta própria. E essa professora conseguiu. Tivemos uma reunião de pais recentemente e todas as mães falaram muito bem do trabalho da professora Andreza”, analisa.

Van Gogh e matemática cósmica

Van Gogh também ajudou a entender a mecânica dos fluídos – tema que os físicos do mundo todo demoraram anos para entender e comprovar. Ela é retratada em um dos quadros mais famosos do artista, “A Noite Estrelada”. Para uma websérie sobre mitos e verdades das Artes do Colégio Positivo, a professora de Artes Morgana Carvalho teve o desafio de explicar o assunto universitário avançado para os estudantes. Com três anos cursados de Engenharia Civil e formada em Artes, ela falou sobre os diversos episódios de esquizofrenia e surtos psicóticos que o artista teve no fim da vida. Possivelmente, foi em um desses surtos, observando o céu, que ele conseguiu retratar o movimento do cosmos exatamente igual eles realmente fluem no céu. Agora, a professora também trabalha com autorretratos do artista na Educação Infantil e segue encantando crianças de todas as idades.

* Com informações da assessoria

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