Bruna Rafaella Santos trabalha em uma ONG de acolhimento aos estudantes, mas decidiu também se voltar em direção às suas mães.
Bruna Rafaella dos Santos é educadora social de Recife. Professora de História por formação, ela na verdade gosta é do cuidado para além das salas de aula. Assim, ela decidiu criar uma roda de conversa para as mães dos alunos atendidos pela ONG na qual trabalha, a Casa Herbert de Souza, na região metropolitana da capital pernambucana.
A organização possui 82 alunos cadastrados, que devem estar matriculados em uma escola para participarem das atividades, entre as quais oficinas e diálogos sobre a vivência na comunidade. Entretanto, há cinco anos, quando entrou na Casa Hebert, Bruna percebeu que poderia atender também às mães dos estudantes.
Conversas além da sala de aula
Em entrevista à Universa, ela conta que, no cotidiano com os jovens, identificou a necessidade de oferecer apoio às suas famílias. “As crianças trazem muito o que acontece nas casas delas. Não necessariamente verbalizando, mas nas entrelinhas a gente consegue compreender a falta de comida, a violência, o pai que falou ou fez algo que acabam reproduzindo”.
Dessa forma, ela propôs a criação de um grupo de encontros mensais, em que as mulheres conversam sobre temas presentes em sua realidade, como a violência doméstica, machismo e sororidade. Contudo, de acordo com Bruna, as conversas são conduzidas aos poucos, para que as mães possam compreender como esses assuntos estão presentes em suas vidas.
“A gente não traz de cara o machismo e o patriarcado, por exemplo. A gente traz elementos que estão no dia a dia para que ela consiga entender o que passa como violência doméstica, para que ela consiga entender que ela tem uma rede de suporte e que a gente é esse apoio, que ela não está só”, explicou a educadora.
Apoio também via WhastApp
Atualmente, existem 65 mães inscritas na Casa Hebert, porém nem todas costumam comparecer às reuniões. Bruna estima que as mais assíduas nas conversas sejam dez. Mas nem por isso ela desiste de contatá-las: ela mantém contato via WhatsApp com as mães inscritas no grupo. E se alguém decide romper o contato, a educadora busca saber o que está acontecendo. “Eu sou curiosa, pergunto por que saiu do grupo”, conta aos risos para a Universa.
Os planos de Bruna são promissores, pois deseja construir um espaço na ONG que seja só das mães. Inclusive, que conte com formações, para oferecer melhores oportunidades para as mulheres. “Eu quero um mundo melhor, né. Eu sou dessas”, ela reconhece.
Reportagem de Isabela Stanga, sob supervisão de Ana Flavia SIlva.