Durante toda a sua trajetória, Sterling Davis foi questionado por ser negro e gostar de gatos. Hoje, aos 40 anos, ele possui sua própria ONG e defende que todos são iguais, inclusive no terceiro setor.
Em Atlanta, nos Estados Unidos, um rapper decidiu mudar de carreira para seguir sua verdadeira vocação: resgatar gatos. Tudo começou quando Sterling Davis estava em intervalo entre turnês e se voluntariou para uma ONG felina.
Ao TODAY, ele conta que foi horrível na entrevista para o voluntariado, porque não conseguia responder as perguntas já que estava brincando com os gatos. Porém, as coordenadoras da entidade perceberam o amor de Sterling pelos felinos e o aceitaram no time.
Em seus cinco anos de colaborador da ONG, o rapper atuou vacinando e castrando gatos de rua, uma alternativa para garantir o bem estar dos felinos, prevenindo doenças e sua reprodução descontrolada. Contudo, durante seu trabalho como voluntário, Sterling percebeu que ele era o único negro e também o único homem que participava de resgate aos gatos.
“Quando eu participava das atividades com minhas amigas, eram sempre todas mulheres, elas quem me treinavam. Eu finalmente fiz a pergunta difícil: ‘Onde estão os caras e as pessoas negras?’”, relata ao TODAY. Mas a resposta que ele ouviu não foi a que ele queria: “é só você”.
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Nova carreira
Sterling interpretou a resposta como um chamado. Dessa forma, abandonou o rap para se tornar o TrapKing (equivalente a “rei do resgate”, em português). Após cinco anos trabalhando em ONGs de Atlanta, ele fundou sua própria instituição, a Trapking Humane Cat Solutions, em 2017.
Mais do que resgatar os gatos, o objetivo de Davis é mudar os estereótipos de que somente mulheres cuidam de felinos. Além disso, ele deseja estabelecer a comunicação entre as comunidades pretas e o voluntariado em favor da causa animal. “Tive muitos parentes que me disseram que os seus filhos eram ‘zoados’ por gostarem de gatos. Só gostaria de mostrar que você não será menos legal por ter compaixão”, expõe ao TODAY.
Mas nem sempre foi fácil. Quando o dinheiro da música começou a acabar, Sterling decidiu vender sua casa e morar em uma van, que funcionava como casa e sede da ONG. Aos poucos, foi dialogando com as comunidades negras para mudar as percepções de que o voluntariado branco desejava prejudicá-las.
Depois de ajudar muitos gatos sem cobrar por seus serviços, o rapper conseguiu apoio da instituição Atlanta Human Society, que acolheu os gatos resgatados por ele sem cobrar por seu tratamento.
Uma mensagem de união
Hoje, a TrapKing Human Cat Solutions funciona em um motorhome (veículo motorizado que funciona como casa), que também é o lar de Sterling. Para o TODAY, o ativista expõe que deseja rodar por todos os Estados Unidos, levando sua mensagem de inclusão para as comunidades.
“Acredito que algo tão altruísta como o resgate pode ser um exemplo de união e de trabalho conjunto para o mundo, então quero espalhar esse trabalho por aí”, finaliza.
Reportagem de Isabela Stanga, sob supervisão de Ana Flavia Silva.