Primeira médica com tetraparesia do Brasil cola grau na Unioeste, no Paraná.
A noite da última sexta-feira (10) foi marcada por muita emoção na Reitoria da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Cascavel, quando a acadêmica Elaine Luzia dos Santos recebeu o grau de médica. Ela enfrenta as sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e é a primeira médica com tetraparesia a se formar no Brasil.
Ela iniciou o curso de Medicina em 2012 depois de concluir uma graduação em Farmácia, em 2010. No terceiro ano do curso, em novembro de 2014, a estudante sofreu o acidente que acarretou na perda dos movimentos e da fala, mas não a capacidade intelectual. Em setembro de 2015, Elaine retornou às atividades acadêmicas de forma gradual com apoio do Programa de Educação Espacial (PEE) da Unioeste. Desde então, ela aprendeu a se comunicar com o olhar e passou por todas as etapas do curso, inclusive os atendimentos no Hospital Universitário.
Formação acadêmica e sonhos na medicina
Este ciclo se encerrou na sexta-feira com a outorga de grau pelo reitor da Unioeste, Alexandre Webber. “A universidade pública tem esse papel transformador e a Elaine foi responsável por uma transformação fantástica. Ela mostrou para nós que tudo é possível quando queremos. Ela é motivo de orgulho e esperança”, destacou.
O juramento da médica foi interpretado pelo irmão dela, Mário Lucas dos Santos. O discurso foi lido pela irmã Elionésia Marta dos Santos, relembrando sua trajetória acadêmica.
“Sou muito feliz por poder compartilhar esse momento com vocês, não consigo mensurar a gratidão que estou sentindo por cada um e como sou privilegiada por estar concluindo o curso de Medicina na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – câmpus de Cascavel e por ser escolhida por viver essa história”, disse, por meio da irmã.“ Mesmo antes do acidente, ela mostrou muita perseverança e determinação e por isso acreditamos muito nela”, completou Elionésia.
A estudante já escolheu a área em que vai se especializar e que se vê atuando no futuro: radiologia, na produção de laudos médicos. A escolha preza pela independência na hora da atuação profissional. “É uma área na qual eu posso atuar usando todo o meu conhecimento sem depender tanto das pessoas”, diz.
Durante os anos de graduação, o que mais marcou a estudante foi a relação que ela teve com os pacientes durante as aulas práticas e estágios. “O que mais recordo é o carinho com que os pacientes me tratam. Eles me incentivam todos os dias a continuar”, comenta.
Reconhecimento dos professores
Para o professor Allan Cezar Faria Araújo, um dos docentes de Medicina, a Unioeste, como instituição pública, teve um papel transformador nesse caso. “Educação inclusiva significa eliminar a exclusão social, que é consequência de atitudes e respostas de diferenças de classe social, etnia, religião, gênero e habilidade. A inclusão começa a partir da crença de que a educação é um direito humano e fundamento para uma sociedade mais justa. Nós temos que ter a inclusão como uma meta. A limitação está nas instituições e não nas pessoas que precisam de inclusão”, disse.
Com informações da Agência Estadual de Notícias do Paraná.
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