Em abril, a Universidade recebeu recursos do governo para continuar o desenvolvimento da vacina, que custará por volta de R$10 a dose. A expectativa é que o imunizante esteja disponível no ano que vem.
Em segunda fase de testes pré-clínicos, a vacina contra o novo coronavírus desenvolvida por cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) promete facilitar a imunização no Brasil. Isso porque o imunizante em estudo usa somente insumos presentes no país, o que agiliza a produção e diminui os custos.
Dessa forma, quando pronta, a vacina deve custar cerca de R$10 por dose, contando os custos de laboratório. Ainda não começaram os testes em humanos (estudos clínicos), mas até agora os resultados são bons, de acordo com os pesquisadores da UFPR.
Segundo o reitor da Universidade, Ricardo Marcelo Fonseca, a expectativa é ter o imunizante pronto em 2022. “Nossa vacina está entre as quatro ou cinco mais adiantadas em seus estados de pesquisas. Assim, o requerimento para ingresso na fase clínica, com testes em humanos, deverá ser pedido à Anvisa dentro de seis meses, se não houver nenhuma interferência nas pesquisas”, pontua.
Tecnologia inovadora
A vacina da UFPR possui tecnologia disponível em território nacional. O professor Emanuel Maltempi de Souza, do setor de Ciências Biológicas da Universidade, conta que a ideia é associar um biopolímero produzido por uma bactéria à proteína viral. Assim, esse sistema desperta a resposta imune do organismo, gerando anticorpos e garantindo a imunidade.
O cientista, um dos líderes das pesquisas, afirma que o material da vacina é biodegradável e industrializado no Brasil. “O material é biocompatível e biodegradável, não se encontrarão traços dele no organismo. O sistema é produzido através de uma plataforma tecnológica sem dependência de insumos importados e pode ser fabricado no Paraná”, explica.
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A expectativa dos pesquisadores é conseguir fazer a vacina em dois formatos: um injetável, como as demais, e um em forma de spray nasal. O professor Breno Beirão, também à frente do estudo, relata que o spray pode garantir maior segurança e praticidade para o imunizante. Mas ele é mais difícil de se desenvolver, conforme o cientista.
Investimentos em ciência
No dia 22 de abril, o governo realizou uma aplicação de R$995 mil para o projeto por meio da Unidade Gestora do Fundo Paraná. Assim, a ideia é contribuir com a contratação de pós-doutorandos para a pesquisa, além da compra de materiais.
Os custos devem cobrir os estudos pré-clínicos, a primeira e a segunda fase dos estudos clínicos. Porém, para a terceira fase dos testes em humanos, o reitor da UFPR prevê um custo de cerca de R$50 milhões, ainda não negociados.
O valor elevado da terceira fase clínica se explica, para o pesquisador Marcelo Muller, devido à complexidade de comprovar a segurança da vacina. “Na fase três, deve-se cobrir o máximo de regiões do país e do mundo, para ver como ela reage em outros ambientes”, expõe.
Ricardo Marcelo, reitor da UFPR, ressalta a importância dos investimentos em ciência, sobretudo nas Universidades Públicas. “Mais de 90% da ciência produzida no país provém das Universidades Públicas brasileiras. Ciência essa que tem sido ferramenta da vida, pois ela é a responsável por garantir condições de enfrentamento à pandemia”, reforça.
Reportagem de Isabela Stanga, sob supervisão de Ana Flavia Silva.